Em uma média, a estimativa é que uma decisão da política monetária de hoje bata na economia de 1 ano a 1 ano e meio depois. É como um remédio para dor de cabeça. Você toma o remédio e espera o efeito. Se não deu certo, aumenta a dose.
Para entender essa questão, é necessário saber que, quem controla isso é o Banco Central, pois a sua função é administrar a quantidade de recursos na economia, ou seja, a quantidade de moeda em circulação.
O objetivo é não deixar a economia muito fraca, nem deixar os preços subirem demais. A ideia é encontrar um equilíbrio e manter a economia como se fosse ao limite de velocidade de uma rodovia. Quando você sobe a taxa de juros, o crédito fica mais caro e a demanda fica menor.
Quando entramos na pandemia, o Banco Central cortou os juros para 2% ao ano porque era o momento de jogar a economia para cima e manter a demanda firme. Agora, que a inflação está em alta, é hora de fazer o oposto, de pisar no freio e trazer a economia de volta para o equilíbrio.
Normalmente, quando sobe os juros, o Brasil fica mais atraente para o fluxo de capitais em dólares. O real se valoriza e isso ajuda a trazer a inflação para baixo.
Outro fator é que a inflação, desta vez, não é uma inflação 'verde e amarela'. É uma inflação global. É uma soma de alta das commodities e o choque de custos. Nosso Banco Central sozinho não vai resolver a situação. Agora, com outros Bancos Centrais indo na mesma direção, com certeza irá ajudar a conter a parte global da inflação.
O Brasil está na fase de tomar o remédio. A 'dor de cabeça' aqui segue muito forte — ou seja, a inflação continua rodando em níveis muito altos. Não é só um produto que subiu demais, é uma inflação muito espalhada. Quando isso acontece, a pancada para quebrar a inércia é maior.
Então, a projeção - de acordo com Caio Megale, economista chefe da XP Investimentos - é de mais uma alta de 1 ponto percentual em junho e fecha em 13,75% ao ano. São quase 12 pontos percentuais de alta de juros, fazendo com que seja uma dose forte do remédio.
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